O vale tudo de Temer para garantir apoio de deputados

Em reunião na segunda-feira (8), os ministros Ricardo Barros (Saúde), Helder Barbalho (Integração) e Bruno Araújo (Cidades) foram orientados pelo presidente Michel Temer (PMDB) para listar todas as emendas dos parlamentares aliados a serem pagas. Pois “num toma lá dá cá” ele pretende acelerar a liberação de verbas para pagar emendas de deputados que se comprometerem a votar a favor da reforma da Previdência.

Cerca de 330 parlamentares serão beneficiados com a distribuição dos recursos, usados para bancar obras e projetos em suas bases eleitorais. O governo estima que os projetos indicados por esses deputados ainda têm R$ 1,9 bilhão a receber até o fim do ano – média de quase R$ 6 milhões para cada um.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo de terça-feira (9), a ideia é pagar parte agora para reduzir a resistência dos deputados na votação. As liberações devem ser feitas nas próximas três semanas. Opositores e aqueles que não obedeceram ao governo em votações recentes ficarão fora da distribuição, e suas emendas devem ficar represadas até o fim do ano.

“Temer tem enfrentado dificuldades para conquistar os 308 votos necessários para aprovar a proposta, que modifica vários artigos da Constituição e por isso precisa de 60% dos votos para ser aprovada. Temer distribuiu cargos e demitiu funcionários indicados por integrantes da base que votaram contra propostas de interesse do governo”, diz o jornal.

“A estratégia é antiga e conhecida no mundo político como: para os amigos tudo e para os adversários nada. Se fosse outra administração, com certeza a mídia divulgaria que a iniciativa era compra de votos, que o governo interferia no Poder Legislativo ao barganhar apoio em troca de dinheiro para projetos de interesses eleitoreiros dos deputados”, opina Nailton Francisco de Souza (Porreta), diretor Nacional de Comunicação da Nova Central.

Para este ano, cada deputado teve a possibilidade de apresentar cerca de R$ 15 milhões em emendas. O valor total com pagamento obrigatório é de R$ 8,7 bilhões. Um quarto desse dinheiro foi bloqueado quando o governo congelou parte dos recursos.

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